Embebida de fluido rosa


Um copo de whisky importado, três latas de cerveja, Pink floyd. Sim, era uma sexta feira, e como qualquer outra sexta feira, tinha cerveja, música, amigos e... e solidão. A mesma intenção de procurar alguém num nada, achar alguém que pudesse me completar em palavras, que entendesse minhas loucuras, que soubesse falar a minha língua artística melódica transcendental.
E lá fui eu, pensei em me arrumar, pensei em desistir, pensei em ir de pijama e com a cara de depressão. Pensei em não ir. Seria só mais um show, de uma banda cover, em um bar cheio de gente vestida de preto, em que todos se aglomerariam em frente ao palco para sugar de toda forma notas revoltadas que se colidiriam no ar.
Mas eu fui.
Entrei.
Pedi um whisky sem gelo.
Olhei para todos,
Não vi ninguém.
Deixei fluir...
Música..
Música..
Braços e pernas tomam vida e começam a reproduzir sensivelmente toda aquela sensação vultuosa, sensual e libidinosa. Movimentos sinuosos tomam meu corpo e me entrego. Me entrego a que?
Me entrego a todos os desejos que confabulam em minha mente, e tento, de alguma maneira, supri-los imaginando como seria bom realizá-los. Nos meus pensamentos ainda existe a imagem de um vontade proibida, recíproca, porém, inalcançável, da qual não sei se tenho condições de dar tempo ao tempo para saber se todo este turbilhão de plasticidades artísticas que dançam em meus sonhos irão ou não se realizar.
E ali... o whisky já tinha se findado, estava na segunda lata de cerveja, não ébria, entretanto, com movimentos leves, e ao fundo Breathe... era tudo o eu queria naquele momento, tudo que eu mais almejava era respirar. Tudo o que eu queria era ter minha respiração sob a sua, e finalmente tocar seus lábios, contudo, a única coisa que me era possível, naquele momento, era imaginar que você estivesse ali, me vendo dançar para você. E foi o que eu fiz.
Mais algumas latas de cerveja, olhos fechados, sonidos combinados dando forma aos fluidos rosas de minhas idealizações. Eu, num local cheio de gente, repleta de vazio, consigo mergulhar no vazio a tal ponto que só existe ali, eu e você. Mesmo você não estando ali.
Tenho a maestria de conseguir sentir suas mãos em meus cabelos, e o cheiro suave em meu pescoço, mordidas molhadas em minha pele, suas mãos em meu corpo, o meu corpo entregue a você. Sinto seus lábios invadindo os meus, e sua língua dançando compassadamente com a minha, você prensado a mim. Te vejo em minha frente, com toda sua beleza musical me entorpecendo. Meus neurônios entram em choque quando penso que se você estivesse ali eu te invadiria. Eu iria invadir cada parte do seu corpo com minha boca, até chegar no acorde mais tensionado e mais longo de alguma música Pink Floydiana. Eu te sugaria, eu te molharia, te deixaria fora do centro até explodir em minha boca... e te faria carinho até você se recompor... e dormiria em seus braços até o amanhecer... e faria amor contigo ao acordar...e repetiria todo percurso proibido só pra te sentir...
Imaginações, devaneios, Traumerei, Reviere.
É o que me resta nisso tudo
Acordar no meio do show, comprar mais uma cerveja, e compreender que por mais que eu deseje isso é só uma passagem. Essas vontades malucas e perigosas podem até ter uma duração significativa tal como Echoes... mas passam...
E o que me resta?
Ir pra casa....
e
Tocar-me...
Pensando
Que
Minhas mãos
São suas mãos.
Gozar
Pensando que é você
Que me levou
A tal
Delírio....

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